Viva a República!
Lembrei-me então da célebre frase de Rui Barbosa - 1849/1923 (contemporâneo do início da república e que, pra quem não sabe, foi um ilustre advogado, deputado, senador e até canditato à presidência da república):
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."
Eram palavras de alarme, em que o autor demonstrava extrema preocupação com a fraqueza moral dos homens que detinham o poder.
Mas se aquilo foi dito no início do século passado, por que ainda me parece tão moderno?
É que, me parece, pouco mudou do início da república para cá: nulidades ainda triunfam; a desonra (ou falta de vergonha) não incomoda mais quase nenhuma autoridade pública; a injustiça continua a crescer assustadoramente; e os homens bons sempre acabam sucumbindo quando enfrentam o poder que está nas mãos dos maus.
Maus governantes, que assaltam frequentemente os cofres públicos, ou, só porque conseguiram vencer as eleições, acham que podem dispôr do patrimônio público como se fosse um 'parquinho' de diversões para si e seus parentes.
Maus juízes, burocratas que "desinteressadamente" acabam negando direitos a uns ou concedem benefícios indevidos a outros, apenas para satisfazer o excessivo apego as formalidades processuais, esquecendo que o processo só existe como ferramenta e derradeiro meio para que o cidadão consiga efetivamente recuperar a sua dignidade e outros direitos fundamentais que só são garantidos mesmo é no papel.
Maus parlamentares, que legislam em prol dos interesses de poucos, que pregam o nada, que discursam o vazio, que se vendem, que se rendem, que nada fazem e mesmo assim aumentam os próprios salários.
Maus cidadãos, que silenciam e fingem ignorar a barbárie que graça nos três poderes da república.
Rui Barbosa (quem?) não é mais lembrado, nem é moderno e nem está vivo para nos dizer se alguma coisa mudou de lá para cá.
No fim, o 15 de novembro é lembrado apenas como o último feriado do ano antes do natal, em que as pessoas querem mais é esquecer da república e dos seus poderes constituídos, largando tudo para apenas curtir a folga com os amigos e a família.
Viva a república! E um bom descanso para todos.
Maurício Michaelsen
Advogado
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